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Texto de apresentação do Anuário da Cultura, Natal- RN, 1998
Os conceitos, as funções e a utilidade (?) da arte e da cultura são questionados em cada contexto, por vozes que dialogam com múltiplos discursos de tempos e espaços diferentes. Para as vozes de filiação platônica, por exemplo, as artes e culturas denunciam e postulam as questões e os conceitos concernentes à sociedade e aos contextos sócio-políticos nos quais são produzidos. Para outras vozes antenadas com os preceitos da ruptura artística e da forma estética, a arte e a cultura desautomatizam e têm como objetivo a recriação do ser humano. Segundo outras vozes mais contemporâneas, a arte recicla e recria o arquivo de formas e linguagens artísticas e culturais, herdadas da tradição, objetivando a inscrição das vozes excluídas e periféricas. As concepções são múltiplas, contraditórias e, claro, políticas. Mas, uma coisa é inquestionável: num universo cujos signos mais freqüentes são balizados pela reprodução /repetição de imagens e conceitos patrocinados pela tecnologia de ponta, a produção de objetos artísticos e culturais torna-se um perene imperativo da condição humana e sua marca diferencial.
Como objeto que buscar reafirmar essa marca diferencial, este Anuário da Cultura objetiva reunir num mesmo espaço os produtores culturais e os feitores de arte no Rio Grande do Norte, registrando estéticas múltiplas e tendências díspares. Mapear e difundir a produção potiguar é o objetivo deste Anuário. Sua publicação sugere que num tempo globalizado no qual cada tribo expõe a sua marca diferencial, nada mais pertinente que a reunião, a postura do banquete ou o desejo de integração. De olho no século XX, não foi isso o que fizeram os primeiros modernistas paulistas, a tropicália baiana, a marginália literária carioca e os musicais mangueboys pernambucanos? As lições dessas e de outras tribos nos ensinam postulados básicos, como a necessidade de verificar o suporte diferencial do outro, esculpir cara própria. Essa demarcação identitária sugere a importância de mapear o terreiro para a batida dos atabaques, entoar os afoxés, letrar a raiz, instalar antenas. “Poty or not Poty” - Medeiros, Oswald, Shakespeare.
Como na canção lupiscínica, este Anuário da Cultura conclama “maestros, músicos, cantores, gentes de todas as cores”, e aciona os devoradores /demolidores /consumidores da arte e dos produtos culturais para fazer este mundo acordar. “Quem tiver apito, apite”. Quem puder fazer arte, arda, anuncie, inscreva-se. Conjugue o verbo cascudear. Como diz o mestre potiguar, autor da História dos nossos gestos, “Indispensável é a alegria do trabalho, esperança inabalável no Êxito, colaboração unânime e fervorosa em toda a colméia."
Os conceitos, as funções e a utilidade (?) da arte e da cultura são questionados em cada contexto, por vozes que dialogam com múltiplos discursos de tempos e espaços diferentes. Para as vozes de filiação platônica, por exemplo, as artes e culturas denunciam e postulam as questões e os conceitos concernentes à sociedade e aos contextos sócio-políticos nos quais são produzidos. Para outras vozes antenadas com os preceitos da ruptura artística e da forma estética, a arte e a cultura desautomatizam e têm como objetivo a recriação do ser humano. Segundo outras vozes mais contemporâneas, a arte recicla e recria o arquivo de formas e linguagens artísticas e culturais, herdadas da tradição, objetivando a inscrição das vozes excluídas e periféricas. As concepções são múltiplas, contraditórias e, claro, políticas. Mas, uma coisa é inquestionável: num universo cujos signos mais freqüentes são balizados pela reprodução /repetição de imagens e conceitos patrocinados pela tecnologia de ponta, a produção de objetos artísticos e culturais torna-se um perene imperativo da condição humana e sua marca diferencial.
Como objeto que buscar reafirmar essa marca diferencial, este Anuário da Cultura objetiva reunir num mesmo espaço os produtores culturais e os feitores de arte no Rio Grande do Norte, registrando estéticas múltiplas e tendências díspares. Mapear e difundir a produção potiguar é o objetivo deste Anuário. Sua publicação sugere que num tempo globalizado no qual cada tribo expõe a sua marca diferencial, nada mais pertinente que a reunião, a postura do banquete ou o desejo de integração. De olho no século XX, não foi isso o que fizeram os primeiros modernistas paulistas, a tropicália baiana, a marginália literária carioca e os musicais mangueboys pernambucanos? As lições dessas e de outras tribos nos ensinam postulados básicos, como a necessidade de verificar o suporte diferencial do outro, esculpir cara própria. Essa demarcação identitária sugere a importância de mapear o terreiro para a batida dos atabaques, entoar os afoxés, letrar a raiz, instalar antenas. “Poty or not Poty” - Medeiros, Oswald, Shakespeare.
Como na canção lupiscínica, este Anuário da Cultura conclama “maestros, músicos, cantores, gentes de todas as cores”, e aciona os devoradores /demolidores /consumidores da arte e dos produtos culturais para fazer este mundo acordar. “Quem tiver apito, apite”. Quem puder fazer arte, arda, anuncie, inscreva-se. Conjugue o verbo cascudear. Como diz o mestre potiguar, autor da História dos nossos gestos, “Indispensável é a alegria do trabalho, esperança inabalável no Êxito, colaboração unânime e fervorosa em toda a colméia."